Este site foi dedicado originalmente à divulgação de um um livro subdividido em 3 volumes, intitulado Caixa vazada. Sua produção implicou um grande esforço de pesquisa conceitual, textual e de elementos visuais, com destaque para a fotografia.
Os componentes dessa obra são detalhados a seguir, indicando-se mais abaixo os princípios que orientaram sua composição
LIVRO (visualização e download)
Volume 1
Uma cartografia afetiva da modernidade
Volume 2
Cartoteca: imagens de pensamento
Volume 3
Algumas questões propostas pela fotografia
Caixa vazada - apontamentos (1)
Caixa vazada - apontamentos (2)
A OPERAÇÃO POÉTICA
O livro Caixa Vazada deve ser compreendido como um dispositivo construído para pensar criticamente a contemporaneidade.
É uma máquina que funciona expondo o leitor a uma infinidade de fragmentos, todos e cada um deles atuando como pequeno elemento colorido, de uma espécie de caleidoscópio.
Não se procura oferecer a quem lê uma verdade, certezas, afirmações dogmáticas. Os fragmentos do livro têm um valor de exposição e, ao se articularem, criam trajetos para o pensamento, possibilidades de compreensão, sem jamais esgotar os temas abordados.
O esforço de compor o livro não se deve, portanto, propriamente ao ato de escrever, como normalmente o entendemos, visto que quase nada há de "autoria" aqui.
A rigor, se apresenta ao leitor centenas de citações e, de resto, praticamente invisível, a tarefa de costurar pedaços, de articular peças, de instaurar proximidades.
Trata-se sempre, contudo, de vizinhanças entre fragmentos, de textos com textos, de textos e imagens, de imagens entre si. Nenhum elemento explica o outro, mas curiosamente se deixam alcançar por uma força gravitacional, que os faz estarem próximos.
SOBRE AS IMAGENS
A quase totalidade das fotos foi obtida na internet e não foi recenseada quanto a seus autores. “Expropriei” as imagens, porque elas não aparecem no livro por sua monumentalidade artística ou singularidade. São, sempre, expressões de afetos, independentemente de seu valor enquanto obra de arte.
A LEITURA COMO PRODUÇÃO [TEXTUAL]
Os livros, em geral, são entendidos como objetos literários, científicos etc. Seriam, nestes termos, repositórios de experiências estéticas, do conhecimento técnico-científico; narrativas de distintas ordens e perspectivas.
O agente dessas obras são autores individuais ou coletivos, que transmitem "livrescamente" algo a seus leitores.
Obviamente não há nada de errado nessa concepção, mas ela toma por elemento fundamental a escritura, o ato de escrever, reduzindo a leitura – seu anverso – a uma certa ordem de passividade.
Temos, então, quem escreve como polo ativo e criativo da relação, ao passo que os leitores são elementos relativamente "passivos", nos quais e sobre os quais se grava uma experiência e/ou conhecimento.
É justo observar, contudo, que a leitura também é uma atividade criativa, que reconcebe a a obra de partida e a inscreve, irremediavelmente, em um ciclo infinito de suas diferenciações.
Apenas na leitura existe uma obra viva, que é oxigenada, atualizada, arruinada como monumento e reconstruída ininterruptamente.
O que se empreende por meio de Caixa Vazada, em conformidade com a concepção de uma leitura ativa, é um procedimento tecnológico em sentido estrito.
Este livro se compõe integralmente de leituras, ou seja, da apropriação de textos por meio de resenhas, citações, transcrições de falas; de fragmentos textuais escritos com a finalidade de desenvolver ideias e conceitos, baseados todos em uma infinidade de autores.
Nada há, portanto, de verdadeiramente original, e nem mesmo a "devoção" aos originais, na expectativa da correção interpretativa, da fidedignidade, de produção de verdades verdadeiras.
Tudo quanto é abordado ou alcançado é imediatamente inscrito na ordem de provisório, na linha delgada do indiscernível, na falibilidade das cópias imperfeitas, das leituras que podem [e devem] estar "equivocadas.
Caixa vazada, ao privilegiar a leitura como ato criativo essencial, ao tomar por método de composição a articulação rizomática de fragmentos; por se instalar no território movediço do rearranjo permanente de todo o material de que se utiliza pretende ser um dispositivo tecnológico de aprendizagem. Quem sabe o dispositivo funciona?
A sorte está lançada!